A perseguição a cristãos na religião muçulmana não é pregada apenas pelos extremistas armados, mas também por líderes religiosos. Na Arábia Saudita, o principal representante do islamismo afirmou que as igrejas cristãs precisam ser destruídas.
O profeta Maomé, que é a figura humana mais reverenciada no islamismo, nasceu na região onde hoje está a Arábia Saudita, e por lá, a hostilidade aos cristãos é intensa e constante.
O sheik Abdul Aziz bin Abdullah, o grão-mufti do país e maior autoridade religiosa, afirmou que se faz “necessário destruir todas as igrejas da região” durante uma reunião com líderes políticos do Kwait, segundo informações do portal RT.
Essa declaração do líder muçulmano se referia às igrejas existentes no Kwait, pois na visão do sheik, o país pertence à Península Arábica, e há uma ideia no islamismo de que não pode haver outra religião naquela região senão a muçulmana.
“Como acontece com muitos muftis antes dele, o sheik baseou sua fala na famosa tradição, ou hadith, que o profeta do Islã teria declarado em seu leito de morte: ‘Não pode haver duas religiões na Península [árabe]’. Isso sempre foi interpretado como [um indicativo de que] somente o Islã pode ser praticado na região”, explicou Raymond Ibrahim, especialista em questões islâmicas.
Segundo o especialista, o discurso do líder muçulmano saudita deve ser levado a sério, pois sua liderança na religião transcende as fronteiras geopolíticas e possuem o peso religioso equivalente à do papa, por exemplo.
98% da população do país é muçulmana; restante é perseguido. Pilhagens, incêndios criminosos e profanações traumatizam os cristãos.
Romain Oke posa em igreja evangélica destruída em protestos na última semana contra charges de Maomé no jornal francês 'Charlie Hebdo', em Niamey, Níger. Após manifestações que deixaram 10 mortos no país, fiéis tentam reconstruir a igreja incendiada (Foto: Joe Penney/Reuters)
A violência através de pilhagens, incêndios criminosos e profanações traumatiza os cristãos que vivem no Níger, um país pobre de 17 milhões de habitantes, 98% muçulmanos. Os 2% restantes, menos de 350 mil pessoas, estão divididos entre cristãos e animistas.
"O que será dos cristãos?", indaga, com o rosto fechado, o reverendo Boureima Kimso, poucos dias após a onda de violência religiosa que se espalhou no Níger, com igrejas calcinadas fazendo lembrar a minoria cristã que um pesadelo se tornou realidade.
"Nós, cristãos, estamos sendo caçados. Queimamos tudo que pode indicar que somos cristão, seja católico ou evangélico. Se pudéssemos coletar as lágrimas que derramamos...", lamentou uma freira de Zinder (sul), a segunda maior cidade do Níger, sob condição de anonimato.
Nesta localidade, em 16 de janeiro, os protestos contra as caricaturas de Maomé publicadas na revista satírica francesa Charlie Hebdoresultaram em distúrbios com consequências terríveis: Cinco mortos, 45 feridos, e todas as igrejas - exceto uma - queimadas.
No dia seguinte, manifestações em Niamey deixaram cinco mortos e 173 feridos. Oficialmente, 45 igrejas foram incendiadas, bem como 36 depósitos de bebidas, um orfanato e uma escola cristã.
A Aliança das Missões das Igrejas Evangélicas do Níger (Ameen), presidida pelo reverendo Kimso, apelou nesta sexta-feira aos cristãos a perdoar os agressores, apesar do "ressentimento profundo" da comunidade que se sente "refugiada em (seu) próprio país".
Jack, um mecânico, viveu os distúrbios em sua oficina na capital, portas e janelas fechadas, com os seus empregados.
"Vivemos com medo", disse ele. "Muitos cristãos não têm dormido em casa por medo de ataques."
As imagens de jovens destruindo os móveis humildes de seus lugares de culto, antes de incendiá-los, amedronta esses cristãos.
Agonia de Jesus "Podemos estar vivendo a agonia de Jesus em nossos próprios corpos', se desespera Michel Cartatéguy, arcebispo de Niamey, entrevistado pela Rádio Vaticano. 'Isso pode continuar se não recebermos proteção".
"Há pessoas que perguntam: 'Você é Allah Akbar ou Hallelujah?'. Isso significa que estamos no processo de identificação de cristãos. O que vai acontecer depois?", se pergunta, preocupado.
A incompreensão e o choque são gerais porque nada prenunciava tal violência. As duas comunidades viviam em harmonia. Muitos muçulmanos ajudaram seus "irmãos" cristãos quando foram atacados.
"Minha irmã, que é muçulmana, escondeu vinte cristãos em seu lar por dois dias antes de entregá-los aos cuidados da polícia", contou Fleur, uma cristã cujo restaurante foi "saqueado e destruído".
Vinte Ulema, teólogos muçulmanos pediram calma na televisão pública.
"Nossos pais, nossos avós, estão aqui desde a década de 1930. Nunca tiveram problemas. (...) Eu tenho primos muçulmanos", afirmou um funcionário de Zinder.
"Vivíamos muito bem com os muçulmanos, não havia nenhum problema. Mas nos últimos anos, a ideologia extremista chegou", segundo um religioso da cidade.
O ministro do Interior, Massaudu Hassumi, evocou primeiramente "membros do Boko Haram" em Zinder, o grupo islâmico armado da Nigéria, de onde a cidade está próxima.
A questão da "influência" dos países vizinhos do Níger que, além de Nigéria, enfrenta grupos jihadistas em suas fronteiras com o Mali e a Líbia, tem se imposto, de acordo com o religioso.
As consequências internas são terríveis. Entre 300 e 400 cristãos, temendo por suas vidas, fugiram na semana passada para dois campos militares em Zinder.
Quase 140 entre eles fugiram da cidade. Uns deixaram o país, de acordo com um trabalhador humanitário, citando famílias de refugiados no Benin.
O Itamaraty brasileiro estuda um plano de retirada dos brasileiros que atuam como missionários no Níger e que também tiveram suas residências atacadas.
A INGLATERRA foi palco de muitas
celebrações em 2011. O motivo foi o 400.° aniversário da King James Version
(Versão Rei Jaime) da Bíblia, também conhecida como Authorized Version (Versão
Autorizada). Além de documentários especiais na TV e no rádio, houve
conferências, palestras e seminários.
O príncipe Charles liderou as
celebrações desse tesouro nacional que leva o nome do Rei Jaime I da Inglaterra.
Mas como a Versão Rei Jaime, publicada em maio de 1611, conquistou um lugar
especial no coração de pessoas que falam inglês?
A tradução ganha ímpeto
Em meados do século 16, um desejo
intenso de conhecer os ensinamentos da Bíblia começou a se espalhar pela
Europa. Quase dois séculos antes, por volta de 1380, John Wycliffe tinha
despertado o interesse das pessoas que falavam inglês com uma tradução da
Bíblia a partir do latim. Nos dois séculos seguintes, seus seguidores, os
lolardos, distribuíram partes da Bíblia escritas à mão por todo o país.
A tradução inglesa do Novo
Testamento do erudito bíblico William Tyndale foi outro marco. Ela foi feita a
partir do grego original e já estava completa em 1525. Pouco depois, em 1535,
Miles Coverdale produziu sua versão completa da Bíblia em inglês. Um ano antes,
o Rei Henrique VIII havia cortado relações com Roma e tomado uma decisão
estratégica. Para fortalecer sua posição como chefe da Igreja Anglicana, o rei
autorizou uma tradução da Bíblia para o inglês. Ela ficou conhecida como a
Grande Bíblia. Impressa em 1539, era composta de um grande volume em tipo
gótico negrito.
Puritanos e outros protestantes
exilados de toda a Europa se estabeleceram em Genebra, Suíça. Em 1560, a Bíblia
de Genebra, a primeira Bíblia em inglês com letras mais fáceis de ler, foi
produzida com capítulos divididos em versículos. Ela foi importada da Europa
continental para a Inglaterra e rapidamente se tornou popular. Por fim, em
1576, a Bíblia de Genebra também foi impressa na Inglaterra. Mapas e notas
marginais ajudavam a esclarecer o texto. Mas suas notas irritaram alguns
leitores porque criticavam o papado.
Surge um desafio
Visto que a Grande Bíblia não foi
bem aceita pelo público em geral e a Bíblia de Genebra continha notas
polêmicas, decidiu-se produzir uma Bíblia revisada. A Grande Bíblia foi
escolhida como base. A tarefa foi confiada a bispos da Igreja Anglicana, e em
1568 a Bíblia do Bispo foi publicada. Era constituída de um grande volume
repleto de gravuras. Mas os calvinistas, que repudiavam títulos religiosos,
fizeram objeções à palavra “bispo”. Por isso, a Bíblia do Bispo não foi bem
aceita na Inglaterra.
O Rei Jaime I, depois de assumir
o trono da Inglaterra em 1603,* aprovou a produção de uma nova tradução da
Bíblia. Ele determinou que ela deveria agradar a todas as pessoas por não
incluir quaisquer notas e comentários ofensivos.
Com o tempo, 47 eruditos
divididos em seis grupos espalhados pelo país prepararam partes do texto.
Fazendo uso do trabalho de Tyndale e Coverdale, esses eruditos bíblicos
basicamente revisaram a Bíblia do Bispo. Mas eles também usaram partes da
Bíblia de Genebra e da versão católico-romana New Testament de Rheims de 1582.
O próprio Jaime era um erudito
bíblico respeitado. Em reconhecimento à iniciativa do rei, a tradução tinha uma
dedicatória “ao altíssimo e poderoso príncipe Jaime”. Essa tradução foi vista
como um esforço de Jaime, chefe da Igreja Anglicana, para unir o país.
Uma obra-prima literária
O clero ficou feliz em receber
das mãos de seu rei uma Bíblia “oficialmente escolhida para ser lida nas
igrejas”. Mas permanecia uma dúvida: como o povo receberia essa nova tradução?
Os tradutores, no prefácio
original, revelaram seus receios quanto a se essa nova tradução seria aceita.
Mas a Versão Rei Jaime foi bem recebida, mesmo que tenha levado uns 30 anos
para tomar o lugar da Bíblia de Genebra no coração do povo.
Segundo o livro The Bible and the
Anglo-Saxon People (A Bíblia e o Povo Anglo-Saxão), nessa época, a Versão Rei
Jaime se tornou a versão oficial e foi amplamente aceita “por sua alta
qualidade”. The Cambridge History of the Bible (História da Bíblia, de
Cambridge) conclui: “Seu texto adquiriu uma santidade apropriadamente atribuída
apenas à voz direta de Deus; para multidões de cristãos que falam inglês parece
quase uma blasfêmia interferir nas palavras da Versão Rei Jaime.”
Até os confins da Terra
Os primeiros colonizadores da
Inglaterra que foram para a América do Norte levaram a Bíblia de Genebra. Mais
tarde, porém, a Versão Rei Jaime ganhou grande aceitação na América. À medida
que o Império Britânico se expandia pelo mundo, os missionários protestantes
difundiam seu uso. Visto que muitos dos que traduziam a Bíblia nos idiomas
locais não estavam familiarizados com o hebraico e o grego bíblicos, a Versão
Rei Jaime se tornou a base para essas traduções locais.
Hoje, de acordo com a Biblioteca
Britânica, “a Versão Rei Jaime permanece como o texto da língua inglesa mais
amplamente publicado”. Algumas estimativas revelam que mais de um bilhão de
exemplares dessa versão foram impressos no mundo todo!
Tempo de mudança
Durante séculos, muitos
acreditaram que a Versão Rei Jaime era a única Bíblia “verdadeira”. Em 1870, na
Inglaterra, começou a ser feita uma revisão completa dela, que ficou conhecida
como English Revised Version (Versão Revisada Inglesa). Mais tarde, uma pequena
revisão americana dessa versão resultou na American Standard Version (Versão
Americana Padrão).* Uma revisão mais recente da Versão Autorizada, de 1982, diz
em seu prefácio que foram feitos esforços “para manter o estilo lírico que é
tão prezado na Versão Rei Jaime” de 1611.
Embora a Bíblia continue sendo o
livro mais vendido no mundo — e a Versão Rei Jaime a mais popular —, o
Professor Richard G. Moulton observou: “Já fizemos quase tudo o que era
possível com esses escritos hebraicos e gregos. . . . Nós os traduzimos [e]
revisamos as traduções . . . Mas há ainda uma coisa a fazer com a Bíblia:
simplesmente lê-la.”
Sem dúvida, a Versão Rei Jaime é
uma obra-prima literária, apreciada e valorizada por sua beleza de expressão
sem igual. Mas que dizer da importância de sua mensagem? Os escritos inspirados
da Bíblia revelam a solução definitiva para os problemas de nossos tempos
críticos. Qualquer que seja a versão ou tradução que você escolha usar, as
Testemunhas de Jeová terão prazer em ajudá-lo em seu estudo da Bíblia.
[Nota(s) de rodapé]
Jaime nasceu em 1566 e foi
coroado em 1567 como Jaime VI da Escócia. Quando foi coroado Rei Jaime I da
Inglaterra em 1603, ele se tornou o governante dos dois países. Em 1604, ele
passou a usar o título de “Rei da Grã-Bretanha”.
A VERSÃO AMERICANA PADRÃO
Em 1901, foi publicada a Versão Americana Padrão. Ela foi baseada no
texto da Versão Rei Jaime. Seu prefácio diz: “Não somos insensíveis ao vigor e
beleza corretamente aclamados do estilo da [Versão Rei Jaime].” Mesmo assim, a
Versão Americana Padrão fez um ajuste significativo.
O prefácio explica sobre esse ajuste: “Os revisores, depois de um exame
cuidadoso, chegaram à conclusão unânime de que certa superstição judaica, que
considerava o Nome Divino sagrado demais para ser pronunciado, não mais deve
influenciar a versão em inglês ou qualquer outra versão do Antigo Testamento,
visto que felizmente não influencia as muitas versões feitas por missionários
modernos.”
Não é que o nome divino, Jeová, não apareça na Versão Rei Jaime. Ele
aparece em quatro lugares: Êxodo 6:3; Salmo 83:18; Isaías 12:2 e Isaías 26:4.
No entanto, a Versão Americana Padrão de 1901 restaurou o nome cerca de 7 mil
vezes em seus devidos lugares na Bíblia.
ATENDENDO A UMA NECESSIDADE
ESPECIAL
Em 1907, uma edição dos Estudantes da Bíblia da Versão Rei Jaime foi
publicada nos Estados Unidos para a Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e
Tratados (dos EUA). Ela incluía um extenso apêndice chamado “Manual Bereano dos
Instrutores da Bíblia”. Mais tarde, as Testemunhas de Jeová imprimiram a Versão
Rei Jaime em suas próprias rotativas. Até 1992 as Testemunhas de Jeová tinham
produzido 1.858.368 exemplares.
UMA VALIOSA TRADUÇÃO MODERNA
Nos últimos 50 anos, foram produzidas muitas traduções da Bíblia
(algumas em vários idiomas). Especialmente valorizada por muitos é a Tradução
do Novo Mundo das Escrituras Sagradas. Foram distribuídos mais de 170 milhões
de exemplares dessa tradução, inteira ou em parte, em 100 idiomas. Os mapas, o
índice alfabético e o apêndice em sua Edição com Referências têm ajudado os
leitores a entender mais claramente a mensagem da Bíblia para nossos dias.